segunda-feira, 30 de julho de 2012

Equipamentos (Recintos)

Uma das principais preocupações que o iniciante deve ter é a respeito da qualidade de seus equipamentos. Esta observação torna a Falcoaria mais segura para a ave e conseqüentemente facilita a vida do falcoeiro.
Esta série de artigos, que ainda não sei em quantas partes será dividida, visa colocar o iniciante em “contato” bem específico com todos os equipamentos presentes no dia a dia. Além de mostrar sua utilidade, estes artigos discutirão a viabilidade de determinado equipamento para determinada espécie de ave, se é apropriado ou não, orientações e cuidados, além de dicas para construções dos items, suas medidas, etc.
Infelizmente para muitos, principalmente iniciantes, os equipamentos não recebem a devida importância e isso é uma pena pois a ave pode ter uma qualidade de vida muito melhor se seu equipamento for adequado. Poleiros, habitações, além do kit de atrelagem precários podem originar um grande número de problemas físicos também. Por outro lado, o uso de equipamentos de qualidade irá resultar em uma ave mais confortável, bem comportada e saudável e tudo isso reflete na sua performance em campo.

Dito isto, hoje escreverei sobre recintos:
É o lugar onde a ave pode ser mantida presa ou solta nos momentos em que não está no jardim nem no campo, enfim, é uma construção feita especialmente para o animal.
O recinto deve ser bem ventilado mas sem correntes de ar. Deve oferecer privacidade à ave se ela buscar por isso, proteção contra animais, chuva, sol e outras intempéries, bem como ser projetada para que ela não se machuque ou danifique suas penas.
O tamanho mínimo para F. sparverius e aves de porte similar e pouco superior é 2,0m x 2,50m e 2,0m de altura. Para aves maiores como P. unicinctus e outras pouco superiores, recomendo 2,50m x 2,50m e 2,50m de altura. Aves de porte maior que o mencionado exigem recintos de maior tamanho e altura, além do mais, uma ave que pode voar verticalmente para o poleiro mais alto do recinto ficará mais bem musculada que aquela que apenas pula de um poleiro ao outro. Recintos muito estreitos irão causar dano às penas pois elas facilmente se atritam com as extremidades quando as ave salta de um poleiro ao outro. Por outro lado recintos muito grandes podem ser perigosos pois a ave pode voar e se chocar em velocidade considerável com as paredes podendo até resultar em lesões mais graves.

Vista geral do recinto.
O piso também deve ser levado em consideração. Dou preferência para grama ou cascalho de rio que podem ser facilmente lavados com a chuva ou artificialmente. Outra vantagem é a drenagem que fica muito boa e não mantém o ambiente umido por muito tempo.
De forma nenhuma recomendo que o recinto seja feito completamente com tela de arame ou de aço pois o atrito contínuo causará dano severo às penas. Caso não haja opção, a solução é revestir o interior do viveiro com tela plástica fina (mosquiteiro). É uma ótima saída. De qualquer forma o mais indicado seria um recinto de alvenaria ou madeira possuindo janela com barras verticais. Este detalhe especificamente, de acordo com as leis americanas, está contido em lei federal. O telhado pode ser feito metade coberto com telha cerâmica ou ecológica e a outra metade com tela.

Barras verticais na janela.
Todos os recintos devem ter uma câmara de segurança, isto é, uma espécie de porta antes da porta principal do recinto. Isto evita problemas caso acidentalmente a ave escape.

Vista interna da câmara de segurança.
Outro detalhe que não é obrigatório mas muitos usam para a ave não associar o falcoeiro com comida é o cano para alimentação que consiste em um cotovelo de PVC instalado na parede. Assim a ave não vê a origem da comida.

Idéias para ofertar alimento à ave sem que ela veja o tratador.
Os poleiros que estarão contidos no recinto são outro detalhe importante. Gaviões preferem os arredondados e falcões os achatados mas entre eles existem espécimes que possuem preferência individual, então procuro colocar os dois tipos e a ave escolhe o que mais lhe agrada. O que se pode levar em consideração é que às vezes o recinto irá ser usado para aves de gêneros diferentes ao longo das temporadas, isto faz com que seja interessante a diversidade dos poleiros. Recomendo que eles sejam fixados com parafusos ao invés de pregados o que tornam as coisas mais fáceis na hora de troca-los ou até mesmo para a mudança de display do recinto. Para o revestimento, são usados corda e tapete de sisal, além de cordas de alpinismo ou galhos naturais, mas eu costumo usar Astroturf em todos os meus poleiros, seja ele do tipo fino e macio ou rígido. A idéia é nunca coloca-los na mesma altura e sempre variar para que a ave tenha que voar de um ponto mais baixo para o mais alto, assim se exercitará enquanto está no recinto. Não aconselho que em uma grande diferença de alturas entre dois poleiros o mais baixo seja muito duro, como um bloco de pedra por exemplo, pois o impacto do pouso freqüênte pode causar contusões. Similarmente, poleiros achatados mais altos devem estar com o ângulo levemente para baixo e ter suas bordas lisas e arredondadas para que a ave não lesione a planta dos pés. 

Angulação do poleiro mais alto.
Fazendo os poleiros em formato de T em ângulo, ele fica longe das bordas do viveiro e impedirá que a as penas das asas da ave sejam danificadas durante o pouso e que a cauda não toque em nada.
Para o poleiro T em ângulo, ele deve estar fixado na parede em 45 graus e a haste deve ter 30cm e é mais indicado para gaviões.

Poleiro T em ângulo.

Vantagem do poleiro T.
Para falcões utiliza-se o meio círculo de madeira que é parafusado a um sarrafo de 5cm x 5cm que já está parafusado na parede do recinto. Para coloca-lo em ângulo basta um corte diagonal de 20 graus no sarrafo e para sustentar a meia lua utilizar um conduíte metálico de 1/2” medindo 30cm de comprimento. Achate as duas pontas e fixe uma na parede e outra no meio círculo deixando-o no ângulo de 45 graus.

Poleiro meio círculo em ângulo.
Além deste tipo de recinto utilizado com mais freqüência no período de muda, há quem use no dia a dia alguns mais simples que somente proteje a ave de predadores e ela ainda fica mantida no poleiro. Segue abaixo alguns exemplos com ênfase no de PVC que já utilizei e funcionou muito bem. Fiz inteiro de canos e revesti com tela plástica com ajuda de abraçadeiras e sombrite no teto. Medidas 2,50m x 2,50m e 1,50m de altura.

Feito em madeira.
Feito em PVC.
Chega ao fim as idéias sobre recintos. Espero ter esclarecido algumas dúvidas e em breve darei seqüência à série com um novo tema relacionado a equipamentos. Se possível, peço ao leitor que deixe seu feedback nos comentários abaixo para que eu tente melhorar aos poucos. Obrigado pela atenção e nos vemos nos próximos artigos!


Créditos de imagem:
KIMSEY, Bryan; HODGE, James. Falconry Equipment. Kimsey/Hodge Publications, Houston, TX, 2007.

3 comentários:

  1. Parabéns pela belíssima iniciativa caro Delo!
    Estou absorvendo o máximo das suas explicações e exemplos e vejo que a cada dia temos uma surpresa ou uma boa novidade em se tratando de falcoaria.

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  2. Muito obrigado por compartilhar seus conhecimentos. Parabéns.

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