Quando
falamos sobre a saúde das aves, tenho o costume de utilizar com freqüência aquele
ditado que todos já ouviram: "É melhor prevenir do que remediar ". Realmente,
dependendo do que sua ave acabar contraindo por falta de cuidados no manejo, o
tratamento poderá se tornar problemático, inclusive interferindo de maneira
negativa no treino da ave já recuperada devido a situações de estresse as quais ela
foi submetida neste meio tempo.
Em aves, o que é
primordial para prevenir o surgimento de doenças? A manutenção do sistema
imunológico. E como conseguimos isso? Manejo alimentar. Quando digo
manejo alimentar, me refiro realmente a uma atenção muito especial à
alimentação de sua ave, pois como já foi exposto em artigos anteriores, o
controle de peso (volto a lembrar, não é redução do peso) se torna essencial
para uma prática eficiente. Este controle, quando efetuado de forma incorreta,
reflete na má nutrição do animal e consequentemente redução da imunidade.
Para os que
gostam da ”parte chata” da coisa, vou escrever um pouco sobre o sistema imune
visto de maneira fisiológica e anatômica.
Apesar de
serem estruturas que se encontram muito próximas em todos os tecidos do corpo
da ave, a origem embrionária do sistema imune é diferente da origem embrionária
do sistema circulatório. O sistema imunológico nos vertebrados é dividido em duas
partes estrutural e funcionalmente distintas. O sistema celular bursa
equivalente, responsável pela produção de anticorpos específicos e o sistema
celular timo equivalente, responsável pela hipersensibilidade retardada e
citotoxidade celular.
A estrutura
e distribuição do tecido linfóide nas aves diferem marcadamente dos mamíferos.
Grandes diferenças são a ausência de linfonodos, na maioria das espécies de
aves, e a anatomia do timo que, nas aves, consiste de diversos lobos
localizados separadamente ao longo do pescoço. As aves também se caracterizam
por possuir a glândula de Harder, que é uma concentração de tecido linfóide na
região oculonasal. As placas de Peyer no intestino são importantes, pois é no
trato digestivo que encontramos o maior número de antígenos. A organização do
tecido linfóide intestinal também difere entre as aves e mamíferos e as aves
possuem, ainda, um órgão linfóide especial, a bolsa de Fabrício, onde ocorre o
desenvolvimento e diferenciação dos linfócitos tipo B. Entretanto, não há razão
para se supor que as aves difiram dos mamíferos quanto à resposta imunitária.
Tanto nas aves quanto nos mamíferos, o desenvolvimento da imunidade requer um
processamento mínimo pela célula do hospedeiro.
Os
antígenos chegam à intimidade do organismo animal por diferentes vias,
especialmente por absorção através das mucosas respiratória e digestiva. Podem
ainda penetrar através da pele, quando esta sofre solução de continuidade (erro
de manejo nos poleiros, por exemplo) ou inoculação. Na aves, a bolsa de
Fabrício é importante via de penetração dos antígenos, onde são absorvidos
através da mucosa e apresentados ao sistema imune.
Independentemente
da porta de entrada, o antígeno é capturado por células mononucleares
fagocitárias denominadas macrófagos. Uma parte dele é destruída pela célula
fagocitária, sendo o restante levado pelo macrófago aos órgãos linfóides,
principalmente o baço, e entregue às células produtoras de anticorpos. Estas
células produtoras de anticorpos constituem as células principais da glândula
de Harder, timo, baço, tonsilas cecais e bolsa de Fabrício.
Além destas
estruturas anatomicamente definidas, existem numerosos folículos linfóides
isolados dispersos pelo parênquima de vários órgãos e tecidos.
Anatômica e
funcionalmente o sistema imune é organizado em órgãos linfóides primários e
secundários. Órgãos linfóides primários fornecem o microambiente apropriado
para a diferenciação de células imunocompetentes, enquanto que órgãos linfóides
secundários são aqueles colonizados por células derivadas dos órgãos linfóides
primários. Medula óssea, timo e bolsa de Fabrício são órgãos linfóides primários
nas aves e estão envolvidos na diferenciação de células pluripotentes e imunocompetetes,
dotadas de capacidade de reagir especificamente contra o antígeno pela produção
de resposta imune celular ou hormonal.
Muito interessante o texto. Lidamos com aves de rapina. É interessante desenvolver um pensamento, levando em conta que a falta de higiene no manejo e alimentação pode acabar com a ave em poucos dias. Um sparverius traz consigo uma responsabilidade tremenda.
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