1. DEFINIÇÃO
Vale a pena compreender a anatomia dos pés dos falconiformes
antes de debater a respeito da Pododermatite.
O pé é protegido por uma
camada espessa de epitélio estratificado escamoso sobre o qual corre uma fina
camada de queratina. Na superfície plantar existem papilas ásperas que ajudam a
agarrar a presa. O pé é do tipo anisodáctilo, com três dedos voltados para
frente e um dedo voltado para trás. Plantarmente na extremidade distal do
tarsometatarso está localizado, embora não esteja fundido a ele, o primeiro
metatársico, que serve para a articulação do dígito I, o hálux, que é um curto
dedo direcionado posteriormente, constituído de duas falanges. Os dígitos II,
III e IV, possuem três, quatro e cinco falanges, respectivamente. A falange
distal de cada dígito é uma garra que durante a vida da ave é coberta
externamente por uma garra córnea.
A rede vascular dos pés
dos falconiformes é composta pelas artérias digitais dos dígitos I, II, III e
IV. Na região da articulação metatarsofalângica existem as artérias pulvinares
para a almofada metatársica. Neste ponto as várias artérias metatársicas formam
um arco arterial plantar que liga os vasos laterais e mediais, profundamente na
planta do pé, irrigando o coxim plantar. O leito microcirculatório do pé,
particularmente dos dedos, possui diversas anastomoses arteriovenosas, que se
supõe estarem relacionadas com a conservação ou dissipação do calor corporal.
A maior veia do pé é superficial,
a veia metatársica plantar medial, que corre por baixo da podoteca.
Agora podemos definir
Pododermatite: É uma inflamação necrótica dos dedos e coxim plantar que
pode se espalhar para as juntas e tendões, sendo uma das doenças mais
freqüentes afetando as aves de rapina que vivem em cativeiro.
Pode progredir para uma
infecção profunda, incluindo necrose dos tendões e osteomielite (inflamação
séptica da medula óssea e do osso, sendo produzida mais freqüentemente por bactérias
alojadas nas áreas metafisiárias de ossos longos e vértebras).
2. ETIOLOGIA
O desenvolvimento da
Pododermatite plantar nas aves de rapina em cativeiro está intimamente
associado à presença de bactérias, especialmente Staphylococcus. Estudos mostram que 10,8% de 37 falconiformes de 12
espécies diferentes abrigavam Staphylococcus
aureus e 62,1% abrigavam Staphylococcus
epidermidis nas lesões. Outros patógenos normalmente isolados são: Actinobacillus spp., Actinomyces spp., Aeromonas spp., Aspergillus
fumigatus, Bacillus spp., Cândida albicans, Clostridium spp., Corynebacterium
spp., Diplococcus spp., Escherichia coli, Klebsiella spp., Nocardia
spp., Pasteurella spp., Proteus spp., Pseudomonas spp. e Streptococcus
spp.
3. PATOGENIA
O manejo impróprio é a
maior causa dessa enfermidade. A nutrição inadequada e ausência de vitamina A,
são suspeitas em muitos casos. A patologia acomete principalmente as aves
pesadas. Poleiro impróprio ou piso inadequado também contribuem para a doença.
Outras condições patológicas, tais como sarnas, injúrias traumáticas e
ulcerações podem levar a pododermatite. Outro fator importante é o fato da ave
ter o ferimento que se encontra na região dos pés em contato com bactérias
patógenas. Porém é bastante discutido que o maior fator patogênico são as
desordens circulatórias resultantes da inatividade física.
4. SINTOMATOLOGIA
A doença possui diferentes estágios. São eles:
- Nível I: É normalmente
moderada e localizada, frequentemente envolvendo apenas um dedo ou pequeno
ponto no centro do coxim plantar. Pode ser proliferativa tendo um aspecto de
“pipoca” ou botão, que pode ser confundido com uma lesão de varíola aviária em
sua forma cutânea, ou degenerativa com depressão e adelgaçamento do epitélio e
em alguns casos ulcerada. Ambos os casos podem evoluir para uma crosta e são
geralmente benignos. Na maioria das vezes não há isolamento de nenhum
microrganismo. Lesões deste tipo geralmente estão associadas com poleiros
inadequados ou manutenção da ave sobre superfícies abrasivas, que acabam por
ferir a pele dos pés e a sola.
-
Nível II: É mais extensa e está invariavelmente associada
com uma bactéria patogênica. Há uma lesão inflamatória aguda, e o exame
histopatológico usualmente mostra uma reação do tipo inflamatória com presença
de tecido fibroso e células mononucleares. Muitos casos resultam da evolução de
uma lesão do tipo I não tratada, embora algumas possam ocorrer expontaneamente.
Uma ocorrência comum é o crescimento excessivo da unha do hálux, por falta de
desgaste, e um consequentemente ferimento do coxim plantar quando a ave finca
as garras sobre o alimento.
-
Nível III: É crônica e
invariavelmente é resultado da evolução de uma lesão do tipo II. O processo
infeccioso está presente, mas já há fibrosamento dos tecidos, com a presença de
um ou mais sacos cheios de material fibrino-purulento e até caseoso em casos
mais avançados. Na maioria das vezes os ossos e as articulações estão
comprometidos. Nestas situações somente uma intervenção cirúrgica pode resolver
o problema, já que há uma resposta inicial com a antibioticoterapia, mas o
inchaço reaparece tão logo que o tratamento é suspenso.
5. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é feito visualmente, examinando as garras da
ave, detectando ou não a presença dos sintomas da doença.
6. TRATAMENTO
O tratamento é diário. Primeiramente, toda a área afetada
deve ser higienizada e utiliza-se pomadas que têm em sua composição Penicilina
G benzatina, Penicilina G procaína, Dihidroestreptomicina e principalmente
Uréia que é excelente para remoção de tecido necrosado. Continuar a aplicação
diária e a retirada de tecido necrosado com a ajuda de uma pinça até que
desapareça a necrose e surja tecido vivo (cor rosada). Sendo assim é hora de
mudar a pomada.
Neste estágio serão usadas
pomadas que possuam Acetato de clostebol, Fenoxietanol e Sulfato de neomicina
em sua composição. Estes promovem a regeneração, ou melhor, o crescimento do
tecido novo acelerando o processo de cicatrização.
Recomenda-se ainda o uso
concominante de algum antibiótico na água de bebida para evitar a possibilidade
de uma infecção sistêmica. Este seria a Norfloxacina, seguindo as instruções de
diluição e dosagem.
7. PROGNÓSTICO
Bom,
porém varia de acordo com o estágio em que a doença se encontra.
Bibliografia:
- LEMOS, M. A influência da falta de exercícios, da
alimentação e outros fatores envolvidos no aparecimento da pododermatite
(bumblefoot) entre falcões selvagens e criados em cativeiro. Boletim
ABFPAR, Niterói (RJ), v. 4, n. 1, p. 6-13, 2001.
Seria correto afirmar que o fígado das codornas (ave mais utilizada na alimentação das rapinas) supre essa "ausência"?
ResponderExcluirPode suprir sim. A vitamina A é bastante encontrada no fígado e ele deve ser sempre oferecido a ave. Outra alternativa que pode ser usada em conjunto é ofertar o ovário das codornas, onde encontram-se os ovos em diferentes estágios de maturação. Eles também são ricos em vitamina A.
ResponderExcluirEnganam-se aqueles que tiram completamente a gordura do alimento para fornecer para a ave visto que esta gordura atua como facilitadora na absorção de vitaminas lipossolúveis, como A, D, E e K, por exemplo. A codorna deve ser dada inteira, com todos seus componentes.
cara como vou fazer a ave beber aguá crio um carijo e ele nunca bebeu agua na vida dele...
ResponderExcluireu tenho um gavião asa de telha e ele ta com no primeiro estagio da doença eu queria saber se so as pomadas resovem ou vou ter q dar antibiótico pra ele e se for pra dar o antibiótico como faço para dar a ele se ele tbm n bebe agua?
Olá, tenho uma calopsita e gostaria de saber se pomadas para cachorros, mas com a composição descrita também servem para aves.
ResponderExcluirObrigada desde já.