terça-feira, 28 de agosto de 2012

Condicionamento físico


Existem diferentes interpretações para "boa forma". Podemos dizer que um halterofilista está em perfeitas condições, mas será ele capaz de apostar corrida com um maratonista? Ou este maratonista ou o fisiculturista seriam capazes de entrar em uma piscina e competir à altura com um nadador? A partir deste raciocínio podemos chegar à conclusão de que o termo "estar em boa forma" pode possuir diversos sentidos, dependendo do que você almeja. Sendo assim, entendemos que "boa forma" implica no indivíduo estar adequado ou apto para determinada função. Isso se observa em Falcoaria onde os melhores falcões para perseguição de cauda são os mais resistentes e os gaviões mais eficientes a lances diretos, os musculosos.
Fisiologicamente, músculos precisam de glicogênio e oxigênio para desempenhar seu papel e ambos são trazidos pelo sangue circulante e durante o exercício esta circulação pode aumentar em até 6 vezes.
Existem dois tipos de fibras no músculo estriado esquelético: fibras tipo I que são vermelhas, de contração lenta, resistentes a fadiga, possuem suprimento de sangue, carregam oxigênio para o tecido muscular e fibras tipo II que são brancas de contração rápida, fatigável, agem rapidamente, possuem poucos vasos sangüíneos e muitas células altamente hidratadas. Quando a ave de vida livre está fazendo suas atividades diárias, usam suas fibras musculares do tipo I e quando investem na presa iniciam o uso das fibras de tipo II. O que vai determinar se o indivíduo possui mais fibras do tipo I ou do tipo II é sua espécie, devido aos métodos de caça adquiridos por seus semelhantes de vida livre ao longo de milhões de anos de adaptação, evolucionalmente falando. Porém sempre existirão todos os tipos de fibras em um mesmo agrupamento muscular em qualquer espécie, variando apenas a proporção de cada tipo. Um bom treino para condicionamento físico pode melhorar muito a capacidade do uso de oxigênio pelas fibras, fazendo com que a fadiga muscular demore mais a acontecer.
Entende-se por fadiga quando o músculo se torna incapaz de conseguir manter seu limiar de performance, o que acarreta perda de desempenho em determinada tarefa, seja por falta de glicogênio ou oxigênio circulante ou excedentes de ácido lático ou calor.
Exercícios físicos visam encorajar as mitocôndrias a intensificar a utilização do glicogênio bem como aumentar o fornecimento de sangue para acelerar o transporte de metabolitos e retardar o início de respiração anaeróbica celular e consequentemente, acúmulo de ácido lático. Além disso melhoram a capacidade da circulação de sangue até os pulmões resultando uma maior oxigenação sistêmica. Esta melhor circulação também ajuda a dissipar o excesso de calor que é um fator primordial para aves do ártico, por exemplo, voarem em climas quentes.
Onde quero chegar com isso? A ave deve receber o treinamento de acordo com a sua natureza e capacidade de vôo, assim, o Accipiter necessita de exercícios rígidos e rápidos que irão melhorar a potência de seus músculos, resultando em um maior impulso e velocidade, aumentando a distância que seu sprint pode alcançar antes que a fadiga tome conta. Um Falco de perseguição, por outro lado, exige um trabalho duro, contínuo, para que possa manter um desempenho máximo durante 10 minutos ou mais. Para aves de altanaria o condicionamento não é tão crítico, mas exercícios são necessários além de tudo, para melhorar a motivação interna, que irá manter a disciplina nas respostas.

Não vou discutir aqui quais são os métodos de treino indicados para os principais gêneros, pois estas informações são facilmente encontradas nos livros, meu objetivo é alertar o leitor para uma observação mais atenta em relação a um tema que reflete diretamente na performance da ave em campo.

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