segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Anatomia das aves (Parte final)

                   Projeção lateral dos membros pélvicos em extensão:
(Imagem: Diana Quiliquini, Tom Bailey, Antonio Di Somma e Ahmed Kutty, Dubai Falcon Hospital, EAU).

1- Côndilos do fêmur;
2- Crista cnemial cranial;
3- Côndilos do tibiotarso;
4- Junta intertarsal;
5- Cótilo do tarsometatarso;
6- Tendões flexores ossificados;
7- Corpo do tarsometatarso;
8- Metatarso dígito I;
9- Tróclea do tarsometatarso;
10- Patela;
11- Junta femorotibial;
12- Anilha de identificação;
13- Dígito IV;
14- Dígito III;
15- Dígito II;
16- Dígito I;
17- Porção ossificada da cartilagem tibial;
18- Ossificação na cabeça medial do Músculo Flexor Longo do Hálux;
19- Corpo do fêmur;

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Como fazer: Poleiro de transporte

Materiais:
- 1 placa de MDF 36cm x 60cm com 10mm de espessura;
- 1 viga ou MDF de 23cm x 60cm com 40mm de espessura;
- 1 metro de velcro tipo grande;
- Cola Araldite de secagem rápida (2 minutos);
- Astroturf fino;
- Parafusos;
- Furadeira;
- Serra copo de 40mm;
- Verniz;

Confecção:
Foi muito simples. Primeiramente furei com a serra copo o meio da viga de MDF, envernizei, colei o Astroturf e deixei secar. Depois disso achei o centro da placa de MDF que servirá de base e fiz três furos para parafusar a viga. Dividi 1 metro de velcro (o lado mais áspero e rígido) em quatro partes de 25cm e colei na parte de baixo da placa. Depois de tudo seco, montei completamente o poleiro.

Funcionamento:
Dei preferência para o MDF liso pela facilidade na limpeza, porém no porta malas do carro ele iria ficar "dançando" de um lado para o outro. Solucionei isso com o velcro que realmente fixou a base do poleiro no tapete do carro e precisa de muita força para tira-lo. O furo no centro tem a função de atrelar a ave ao poleiro utilizando o nó de falcoeiro. Sobre a espessura da viga, achei importante ser plana mas não muito grossa, permitindo que a ave consiga segurar no poleiro quando necessário. Seguem algumas fotos:





Atualizando:
Após alguns testes feitos com o poleiro, vi necessidade de incluir na construção o apoio para cauda. O mesmo que mencionei no artigo sobre equipamentos (https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZwl4ljumKpncwbSyr1CfTuZXaGT6lDsFGCoPGnusx6hBMOvVZwebCkOrE7MkZ2ZIMCpdHn-7yS8e98xQJOPQLWcHPh25bisxizpD_rQCcOBQVyPp_91fccfyOKtHh3ELEWDSQ5551REp1/s1600/Equipamentos9.jpg). Achei importante adiciona-lo pois quando a ave se equilibrava no poleiro com o carro em movimento ela apoiava a cauda toda na viga e para evitar penas quebradas ou tortas rapidamente solucionei o problema.
Simplesmente comprei aquelas bóias de espuma utilizadas em hidroginástica conhecidas na minha região como "macarrão", cortei do mesmo tamanho do poleiro, depois "rachei" ao meio e colei 5cm abaixo do Astroturf uma parte de cada lado da viga.
Assim, quando a ave desequilibrar, irá encontrar um apoio na base da cauda, isto é, muito antes de precisar apoiar toda ela no poleiro e conseqüentemente a ponta, que é a parte mais sensível.
Segue a foto:



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Anatomia das aves (Parte 6)

               Projeção craniocaudal de membros pélvicos em extensão:
(Imagem: Diana Quiliquini, Tom Bailey, Antonio Di Somma e Ahmed Kutty, Dubai Falcon Hospital, EAU).


1- Cabeça do fêmur dentro do acetábulo;
2- Corpo do fêmur;
3- Púbis;
4- Patela;
5- Vértebras caudais;
6- Pigóstilo;
7- Corpo do tibiotarso;
8- Fibula;
9- Junta intertarsal;
10- Corpo do tarsometatarso;
11- Bracelete;
12- Cótilo do tarsometatarso;
13- Metatarso dígito I;
14- Dígito I ou hálux;
15- Dígito II;
16- Dígito III;
17- Dígito IV;
18- Côndilo do tibiotarso;
19- Extremidade proximal do tibiotarso;
20- Côndilos do fêmur;

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Aquele cara tem olhos de águia e é mais rápido que um raio!


Recentemente passeando pelo Youtube, assisti um video que me chamou um pouco a atenção. Em cena havia o falcão comendo sobre a isca enquanto o câmera filmava dois "atores" batendo um papo bem descontraído a medida que a ave se alimentava. Num determinado momento decidiram fazer a troca e enquanto um deles executava, o outro aconselhava para que a isca fosse escondida rapidamente, caso contrário a ave iria ver seu movimento e o resultado não seria positivo para o treino.
Sabemos que nossas aves enxergam muito bem mas será que realmente conhecemos do que elas são capazes e até se elas vivem na mesma freqüência visual que a nossa? As aves de rapina possuem a visão mais desenvolvida dentre todos os seres vivos no planeta. Como em humanos e algumas outras espécies, mas diferente da maioria dos mamíferos, elas enxergam em cores tão bem como em branco e preto. A retina sensível à luz no preto dos olhos contém células cone sensíveis a cor e células bastonetes que necessitam de pouca luz para serem estimuladas, mais recorridas nos momentos de pouca luz. Elas também conseguem experimentar um espectro de luz bem mais amplo que o nosso, isto é, vêem muito mais tonalidades de cores. Estudos mostram inclusive que algumas aves são capazes de enxergar na extensão ultravioleta, isto é, um comprimento de onda menor do que a luz visível por humanos. Assim, alguns padrões de plumagem, que para nós parece sem graça, para nossas aves pode ser muito colorido. Nelas, as células em formato de cone estão densamente agrupadas se comparado com humanos tornando além da maior capacidade em observar mais variedade de cores, a resolução de sua visão até oito vezes maior do que a nossa.
Na parte superior de cada célula cone há uma gotícula de óleo, geralmente vermelha, laranja, amarela, translúcida, ou verde. Estas intensificam o contraste de objetos coloridos e também atuam como filtros de neblina. Saliente na retina, o pente (ou pécten) é um corpo grande, alongado e bem irrigado por vasos sangüíneos que atua como uma espécie de detector de movimentos.
A maioria dos músculos que controlam o olho e a pupila das aves de rapina são de origem estriada esquelética, isto é, podem ser controlados de maneira voluntária. Assim um Aplomado recém desencapuzado em local com muita luminosidade consegue prontamente ajustar suas pupilas para evitar que fique ofuscado ou até mesmo voar em direção ao sol sem muito incômodo. Para focar um objeto próximo, a pupila e o músculo esclerocorneal anterior (ou músculo de Crampton) é capaz de estreitar o cristalino e córnea causando o efeito desejado.
Além das cores, a noção de velocidade e consequentemente os reflexos das aves de rapina também são atribuídos a visão. O cérebro humano é capaz de interpretar até 20 quadros por segundo, então quando assistimos um desenho animado e vemos o personagem se movimentar, foi necessário que mais de 20 desenhos tenham sido exibidos em um segundo para o nosso cérebro interpretar aquilo como um movimento. De forma simplificada a televisão funciona da mesma maneira, ela pisca em torno de 25 imagens por segundo e isso faz nosso cérebro interpretar o movimento.
Acredita-se que a maior parte das aves de rapina diurnas enxergam de 70 a 80 quadros por segundo. Isso se torna necessário pois devem ser capazes de fazer perseguições em alta velocidade e na maioria das vezes atrás de presas muito mais ágeis, além da necessidade de manobrar e se desviar de obstáculos. Estes sistemas sensoriais rápidos necessitam de um sistema nervoso central rápido o bastante para terem suporte. Em aves do gênero Accipiter - ornitófagos extremamente eficientes - é provável que algumas dessas vias nervosas dos olhos e ouvidos, através de neurônios sensoriais para os neurônios motores que controlam os músculos, tenham apenas pequenas ligações com neurônios de associação no cérebro. Dado o tempo necessário para os impulsos atravessarem o sistema nervoso e os períodos de latência entre eles, o Accipiter não teria muito tempo para pensar conscientemente sobre sua reação para assegurar que ele a fez apropriadamente. Inclusive temos o hábito de dizer que são aves de comportamento difícil, que reagem de forma ruim até mesmo recebendo o mais brando estímulo. O que não levamos em consideração é que naturalmente ele vive em um mundo que se move dez vezes mais rápido do que o nosso e é importante ter em mente que mesmo estando fisicamente lado a lado da ave, mentalmente vivemos em mundos diferentes.

E aí? Será que por mais rápido que o rapaz no video do Youtube foi, ele conseguiu enganar a ave? Ou são necessários meios persuasivos para que a troca seja menos traumática?

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Condicionamento físico


Existem diferentes interpretações para "boa forma". Podemos dizer que um halterofilista está em perfeitas condições, mas será ele capaz de apostar corrida com um maratonista? Ou este maratonista ou o fisiculturista seriam capazes de entrar em uma piscina e competir à altura com um nadador? A partir deste raciocínio podemos chegar à conclusão de que o termo "estar em boa forma" pode possuir diversos sentidos, dependendo do que você almeja. Sendo assim, entendemos que "boa forma" implica no indivíduo estar adequado ou apto para determinada função. Isso se observa em Falcoaria onde os melhores falcões para perseguição de cauda são os mais resistentes e os gaviões mais eficientes a lances diretos, os musculosos.
Fisiologicamente, músculos precisam de glicogênio e oxigênio para desempenhar seu papel e ambos são trazidos pelo sangue circulante e durante o exercício esta circulação pode aumentar em até 6 vezes.
Existem dois tipos de fibras no músculo estriado esquelético: fibras tipo I que são vermelhas, de contração lenta, resistentes a fadiga, possuem suprimento de sangue, carregam oxigênio para o tecido muscular e fibras tipo II que são brancas de contração rápida, fatigável, agem rapidamente, possuem poucos vasos sangüíneos e muitas células altamente hidratadas. Quando a ave de vida livre está fazendo suas atividades diárias, usam suas fibras musculares do tipo I e quando investem na presa iniciam o uso das fibras de tipo II. O que vai determinar se o indivíduo possui mais fibras do tipo I ou do tipo II é sua espécie, devido aos métodos de caça adquiridos por seus semelhantes de vida livre ao longo de milhões de anos de adaptação, evolucionalmente falando. Porém sempre existirão todos os tipos de fibras em um mesmo agrupamento muscular em qualquer espécie, variando apenas a proporção de cada tipo. Um bom treino para condicionamento físico pode melhorar muito a capacidade do uso de oxigênio pelas fibras, fazendo com que a fadiga muscular demore mais a acontecer.
Entende-se por fadiga quando o músculo se torna incapaz de conseguir manter seu limiar de performance, o que acarreta perda de desempenho em determinada tarefa, seja por falta de glicogênio ou oxigênio circulante ou excedentes de ácido lático ou calor.
Exercícios físicos visam encorajar as mitocôndrias a intensificar a utilização do glicogênio bem como aumentar o fornecimento de sangue para acelerar o transporte de metabolitos e retardar o início de respiração anaeróbica celular e consequentemente, acúmulo de ácido lático. Além disso melhoram a capacidade da circulação de sangue até os pulmões resultando uma maior oxigenação sistêmica. Esta melhor circulação também ajuda a dissipar o excesso de calor que é um fator primordial para aves do ártico, por exemplo, voarem em climas quentes.
Onde quero chegar com isso? A ave deve receber o treinamento de acordo com a sua natureza e capacidade de vôo, assim, o Accipiter necessita de exercícios rígidos e rápidos que irão melhorar a potência de seus músculos, resultando em um maior impulso e velocidade, aumentando a distância que seu sprint pode alcançar antes que a fadiga tome conta. Um Falco de perseguição, por outro lado, exige um trabalho duro, contínuo, para que possa manter um desempenho máximo durante 10 minutos ou mais. Para aves de altanaria o condicionamento não é tão crítico, mas exercícios são necessários além de tudo, para melhorar a motivação interna, que irá manter a disciplina nas respostas.

Não vou discutir aqui quais são os métodos de treino indicados para os principais gêneros, pois estas informações são facilmente encontradas nos livros, meu objetivo é alertar o leitor para uma observação mais atenta em relação a um tema que reflete diretamente na performance da ave em campo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Anatomia das aves (Parte 5)

       Projeção de asa direita em extensão:
(Imagem: Diana Quiliquini, Tom Bailey, Antonio Di Somma e Ahmed Kutty, Dubai Falcon Hospital, EAU).


1- Falange distal do dígito maior;
2- Falange proximal do dígito maior;
3- Osso maior do carpometacarpo;
4- Falange do segundo dígito ou dígito alular;
5- Processo extensor do osso metacarpiano alular;
6- Osso radiocárpico;
7- Rádio;
8- Músculo extensor radial do metacarpo;
9- Tendão propatagial, tendão palmar longo;
10- Músculo bíceps braquial;
11- Músculo tríceps braquial;
12- Úmero;
13- Articulação do cotovelo;
14- Músculo extensor ulnar do metacarpo;
15- Penas secundárias;
16- Ulna;
17- Osso ulnar do carpo;
18- Articulação carpometacárpica;
19- Espaço intermetacarpiano;
20- Osso menor do carpometacarpo;
21- Dígito menor;
22- Penas primárias;

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Equipamentos (Poleiros)

Existem muitos tipos de poleiros para Falcoaria só que é de extrema importância que o iniciante tenha um conhecimento prévio para identificar pelo menos dois requisitos básicos. Primeiro, um poleiro deve ser seguro. A ave não pode conseguir se enroscar ou se ferir de forma nenhuma. Segundo, o poleiro deve ser confortável. Poleiros desconfortáveis ou inapropriados podem resultar em diversas lesões, inclusive a pododermatite, além de colaborar para que uma ave fique inquieta. Espantosamente poucos poleiros atendem a estes dois simples requisitos. Basta um rápido passeio em qualquer encontro de Falcoaria para observar poleiros ora muito grandes ou pequenos para seus ocupantes. Modelos que podem fazer a ave se enroscar facilmente sempre que se debate ou revestidos com materiais que parecem ter sido trazidos da idade média.
Não há desculpa para um poleiro mal feito, mesmo porque hoje em dia existe muita disponibilidade de informações e em muitos casos eles são bem mais simples de se construir do que aqueles cheios de componentes e ângulos retos que alguns usam por aí.
A maioria dos poleiros têm um uso específico seja para transporte, balança, treino, recintos, para dentro e fora de casa. Este artigo objetiva discutir os comumente usados bem como sua função, além de quais são os ocupantes mais indicados para determinado modelo, etc.
No dia-a-dia uso com minhas aves o poleiro em arco e em bloco sendo os blocos para falcões e arcos para gaviões. Muitos poleiros de jardim ao invés de possuir uma base, são construídos para fincar no chão e quando a ave vai para dentro da casa ou recinto de chão duro, usa-se o mesmo molde mas com uma base longa ou grande o bastante para que não tombe ou seja arrastado pela ave.
Poleiros em arco e bloco.
Poleiros em arco:
São essencialmente poleiros em formato curvo com uma argola corrente que deve deslizar livremente entre uma ponta e outra. Esta argola é onde o leash da ave será atado. São feitos de metal e podem ser revestidos com corda ou Astroturf. Quando feito de maneira apropriada é um ótimo poleiro, ao contrário daqueles feitos erroneamente que sem sombra de dúvidas serão perigosos para a ave.
Para que ele funcione corretamente a argola deve ser capaz de deslizar livremente de uma ponta a outra. Isso favorece para que o leash não seja muito longo evitando assim trancos muito fortes quando a ave se debate além de não incentivar que ela ande em círculos por baixo do poleiro piorando ainda mais a sua situação.

Leash comprido pode lesionar a ave.
A angulação do poleiro é outro fator chave para que a argola deslize de forma correta e o indicado é 45 graus. A altura pode variar de 15cm a 20cm para aves pequenas e médias e 25cm a 30cm para as grandes. O comprimento do arco deve ser pelo menos três vezes a altura. Se a altura é 1/3 do comprimento, o ângulo será de 45 graus.

Detalhe da angulação correta do poleiro em arco.
O revestimento deve ser bem observado no arco pois ele pode afetar o deslizamento da argola. Tenho o costume de usar corda ou Astroturf rígido: No caso da corda, evite as mais espessas que 1/2” pois a argola pode se enroscar nas protuberâncias. Dê preferência para as de 1/4". Se sua vontade for revestir de Astroturf, instale somente na área onde a ave ficará empoleirada e cuide para que as extremidades fiquem mais suaves e cônicas. Eu tenho o costume de usar fita isolante para este acabamento. A espessura é um assunto um pouco delicado. Como subentende-se que quem utilizam os poleiros em arco são gaviões, isto é, aves que têm um maior costume de escolher galhos para se empoleirar, tento fazer com que a espessura do revestimento não seja grossa o suficiente para a ave ficar com os pés completamente abertos ou fina o bastante para que eles se fechem por completo. Busco um meio termo.

Poleiros em bloco:
A superfície achatada dos blocos por lembrar as rochas em que normalmente falcões ficam pousados são mais confortáveis para aves do gênero Falco. Poleiros em bloco podem ser muito simples ou sofisticados como é o caso daqueles feitos com madeira de lei torneada ou materiais sintéticos de última geração como Kevlar, por exemplo. Em geral são feitos de madeira comum atados a um vergalhão liso de metal e uma argola onde o leash é amarrado. Há quem faça blocos de metal fundido, mármore, granito ou concreto, o que eu não acho bom pois em altas temperaturas eles esquentam demais e em baixas esfriam muito causando desconforto à ave. Fibra de vidro e alguns outros materiais sintéticos podem ser aceitáveis justamente por este fator da temperatura citado acima não se aplicar. Para revestimento neste caso, considero insubstituível o Astroturf sendo usado em diferentes texturas dependendo da ave que irá utiliza-lo. O diâmetro da base do poleiro em bloco é muito importante. Deve ser grande o bastante para que os jesses da ave não passem um para cada lado da base e a ave fique presa com uma perna para cada lado do vergalhão. Caso aconteça, ao debater-se para tentar sair daquela situação todas suas penas e até mesmo seus membros inferiores poderão ser lesionados. Para evitar esta situação certifique-se que a base é grande o bastante e não utilize jesses muito longos. Muito curtos também serão um problema, porém discutido em um próximo artigo.
Jesses longos e bases pequenas não combinam.
Diâmetros de 15cm a 20cm são recomendados para Falco peregrinus e similares, 10cm a 15cm para Falco femoralis e similares. Para o vergalhão de metal, use os lisos que têm uma capacidade maior de deslizar a argola. Você pode fixar permanentemente o vergalhão no bloco ou se for mais hábil e possuir mais recursos, construir uma rosca para trocar o bloco quando desejar. Na outra extremidade faça uma ponta para que ele seja fincado na terra e solde um limitador para que a argola não escape. Em média 10cm de vergalhão deve entrar no bloco, a distância entre o bloco e o limitador pode variar entre 10cm e 25cm e o restante que entrará no chão pode ser de 15cm a 20cm. Esta altura entre o bloco e o limitador de argola ditará a altura que o falcão ficará do chão. Alguns falcoeiros preferem deixar suas aves mais próximas ao chão e outros gostam de oferecer um pouco mais de altura; Poleiros muito altos podem fazer com que a ave machuque as almofadas dos pés com o impacto quando se debatem enquanto os muito baixos dão a algumas aves um maior sentimento de insegurança. Bom senso neste caso é imprescindível.

Esquema de poleiro em bloco.
Para precaver ainda mais que a ave não se enrole no bloco, há quem revista o vergalhão entre o bloco e o limitador com um conduíte metálico que fica solto envolvendo a peça principal. Caso a argola não dê conta dos movimentos da ave em torno do próprio eixo e mesmo assim o leash se enrole no vergalhão, este conduíte garante uma maior mobilidade para que o leash não se enrole. Ele deve ter a medida exata e não deve deixar nenhuma fresta para que a argola não enrosque em nenhuma das extremidades, tanto de cima como embaixo.

Conduíte envolvendo o vergalhão evita que o leash se enrole.
Para utilizar o poleiro em bloco dentro de casa, basta adicionar uma base grande o bastante para que ele não tombe e pesada para evitar que seja arrastado. Como neste caso há um grande acúmulo de sujeira, dou preferência ao poleiro de parede onde corto um meio círculo de madeira com diâmetro de 25cm revestido com Astroturf e fixo na parede a uma altura de 30cm do chão e uma argola chumbada na parede bem próxima ao chão para que o leash não danifique a cauda quando houver agitação.

Poleiro de parede.
Algumas observações que gostaria de comentar sobre estes dois principais tipos de poleiros: Mesmo as aves sendo de diferentes gêneros, espécies ou até mesmo subespécies, são indivíduos munidos de personalidade própria e desta forma podem preferir poleiros atípicos. Buteos por exemplo, sendo accipitrideos, via de regra são colocados em poleiros em arco durante toda sua vida, apesar disso, se observarmos ao longo das estradas de nosso país, muitos deles dão preferência para os topos de postes ao invés dos fios e cabos redondos e isto pode ser observado também com falcões. Este é um ponto para reflexão.
Outra observação que gostaria de deixar registrada é sobre a função primordial dos revestimentos de poleiros que indiquei aqui. Eles devem ser sempre rugosos para estimular a circulação sangüínea no pé da ave para que ela não venha a ter problemas articulares, distúrbios circulatórios e o mais temido de todos, a pododermatite. Sendo assim, sempre procure variar as superficies oferecidas à sua ave nunca optando por nada muito macio ou liso.

Poleiro para transporte:
Como os outros tipos de poleiros, estes possuem alguns requerimentos de segurança necessários para serem construídos. O mais importante neste caso é que a ave tenha um local para apoiar sua cauda. O apoio de cauda pode ser simplesmente uma extensão da superfície do poleiro até a base para que quando a ave se desequilibre e busque uma sustentação com a cauda, não encontre um vazio como é o caso do poleiro em arco, por exemplo. Não há problemas em utilizar um arco para transporte, contanto que ele seja adaptado para tal função.

Adaptação de poleiro em arco para transporte.
Outro fator importante é que o poleiro esteja bem fixado ou encaixado no carro para que ele não se mova ou escorregue causando maiores desconfortos para a ave. Recomendo que para o transporte, Astroturf rígido seja usado pois ele pode absorver um pouco da trepidação do carro em movimento. Há quem utilize um simples pneu velho para a função de poleiro para transporte e apesar de eu nunca ter usado acho bastante interessante pois atende a todos os requisitos apontados por mim acima. De qualquer forma, o modelo que mais me agrada consiste em uma base quadrada de madeira podendo medir 60cm x 60cm parafusada a uma tábua retangular de 60cm de comprimento e 30cm de altura revestida de Astroturf rígido possuindo argolas parafusadas ou furos na madeira para amarrar o leash.

Poleiro para transporte com o detalhe do apoio de cauda.
Uma dica é manter sempre a ave perpendicularmente ao banco de passageiros para que ela se equilibre melhor e o primordial, dirigir com cuidado, ciente do que está transportando.

Poleiros para balança:
Vejo por aí muita gente fazendo poleiros em T elaboradíssimos para sua balança e muitos desses possuem uma base muito pequena o que pode transformar uma simples pesagem em algo traumático, principalmente para uma ave em início de treino. Se o poleiro não for fixo na balança ele deve ter uma base sólida que ofereça segurança à ave e isso é muito simples de ser construído. Há quem utilize latas de achocolatado em pó com conteúdo pesado dentro, outros fazem com uma peça curta de cano PVC de 6” tapados com tampa de canos munidos de conteúdo dentro, ambos revestidos com Astroturf. Independente destas duas escolhas a ave estará segura.

Chega ao fim mais um artigo sobre equipamentos. Tentei colocar aqui as idéias que considero mais seguras. Volto a alertar o leitor que sempre reflita muito bem sobre projeto antes de executa-lo, tenha auto crítica e imagine sempre o pior em todos os detalhes. Assim quando colocar sua ave em um poleiro, estará fazendo com a certeza de que pensou no melhor para ela.

Créditos de imagem:
KIMSEY, Bryan; HODGE, James. Falconry Equipment. Kimsey/Hodge Publications, Houston, TX, 2007.

sábado, 11 de agosto de 2012

Anatomia das aves (Parte 4)

Projeção ventrodorsal do ombro:
(Imagem: Diana Quiliquini, Tom Bailey, Antonio Di Somma e Ahmed Kutty, Dubai Falcon Hospital, EAU).            











1- Complexo propatágio;
2- Cabeça do úmero;
3- Tubérculo dorsal do úmero;
4- Úmero;
5- Tubérculo ventral do úmero;
6- Saco aéreo clavicular;
7- Músculo peitoral;
8- Notário;
9- Extremidade caudal da escápula;
10- Borda medial do coracoide;
11- Tendão propatagial, tendão palmar longo;
12- Cabeça da escápula;
13- Extremidade ventral do coracoide;
14- Clavícula;

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Empirismo na Falcoaria

Mítica e com o passar dos tempos cultural, a crença dos povos antigos com relação à ingestão do coração de seus inimigos - seja para adquirir sua força ou anular por completa sua existência - sempre esteve presente.
Isso se refletiu de maneira incisiva na Falcoaria onde apesar da presa ser completamente respeitada e estar longe de ser considerada uma inimiga, seu coração e fígado são até hoje as principais recompensas da ave de rapina após o lance, recebendo o adjetivo de "partes nobres", onde devem ser ingeridas ainda quentes e cheias de sangue para que a ave sinta o sabor e se estimule cada vez mais a caçar.
Nos dias de hoje sabemos que a olfação e gustação, sendo muito rudimentares nas aves, prejudicam demais a sensibilidade para distinguir um alimento quente, frio, saboroso ou não. Além do mais já possuímos um conhecimento amplo sobre Fisiologia e Etologia, o qual nos dá um maior embasamento e entendimento de questões que antes eram apenas observadas e supostas na prática. 
Nos países onde a arte é regulamentada, após o lance o Falcoeiro deve oferecer à sua ave o sangue da presa para que ela beba e também haja a ingestão do coração e fígado, mas não para que ela seja uma eficiente caçadora ou para honrar a caça. Na verdade, ao longo de uma perseguição onde há uma situação de estresse (luta e fuga), o glicogênio que é o principal carboidrato presente na carne dos seres vivos sai da musculatura e entra na circulação sangüínea. Deixar a ave se alimentar do músculo peitoral da presa seria um erro pois além de ser uma ave de Falcoaria onde seu peso já é controlado, a perseguição exigiu um gasto anormal de energia que deve ser reposto. Oferecendo o sangue ele estará fazendo isto.
O mais interessante é imaginar como estes fatos foram sendo constatados ao longo dos milhares de anos de prática. Seria somente através da observação de uma melhora na performance da ave?

Só a caráter de curiosidade para aqueles que se preocupam bastante com a nutrição assim como eu, alimento abatido e resfriado a mais de 24 horas perdem quase todo o glicogênio da musculatura caindo de 1,5% no momento de abate para 0,5% depois das 24 horas. O fígado armazena boa parte destes 1,5% e por isso é essencial que ele seja oferecido juntamente com todo o resto.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Anatomia das aves (Parte 3)

            Projeção do pé:
(Imagem: Diana Quiliquini, Tom Bailey, Antonio Di Somma e Ahmed Kutty, Dubai Falcon Hospital, EAU).


1- Tarsometatarso;
2- Metatarso dígito I;
3- Almofada digital;
4- Garras;
5- Tróclea para o dígito III;
Ossos da falange P1, P2, P3, P4, P5

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Equipamentos (Recintos)

Uma das principais preocupações que o iniciante deve ter é a respeito da qualidade de seus equipamentos. Esta observação torna a Falcoaria mais segura para a ave e conseqüentemente facilita a vida do falcoeiro.
Esta série de artigos, que ainda não sei em quantas partes será dividida, visa colocar o iniciante em “contato” bem específico com todos os equipamentos presentes no dia a dia. Além de mostrar sua utilidade, estes artigos discutirão a viabilidade de determinado equipamento para determinada espécie de ave, se é apropriado ou não, orientações e cuidados, além de dicas para construções dos items, suas medidas, etc.
Infelizmente para muitos, principalmente iniciantes, os equipamentos não recebem a devida importância e isso é uma pena pois a ave pode ter uma qualidade de vida muito melhor se seu equipamento for adequado. Poleiros, habitações, além do kit de atrelagem precários podem originar um grande número de problemas físicos também. Por outro lado, o uso de equipamentos de qualidade irá resultar em uma ave mais confortável, bem comportada e saudável e tudo isso reflete na sua performance em campo.

Dito isto, hoje escreverei sobre recintos:
É o lugar onde a ave pode ser mantida presa ou solta nos momentos em que não está no jardim nem no campo, enfim, é uma construção feita especialmente para o animal.
O recinto deve ser bem ventilado mas sem correntes de ar. Deve oferecer privacidade à ave se ela buscar por isso, proteção contra animais, chuva, sol e outras intempéries, bem como ser projetada para que ela não se machuque ou danifique suas penas.
O tamanho mínimo para F. sparverius e aves de porte similar e pouco superior é 2,0m x 2,50m e 2,0m de altura. Para aves maiores como P. unicinctus e outras pouco superiores, recomendo 2,50m x 2,50m e 2,50m de altura. Aves de porte maior que o mencionado exigem recintos de maior tamanho e altura, além do mais, uma ave que pode voar verticalmente para o poleiro mais alto do recinto ficará mais bem musculada que aquela que apenas pula de um poleiro ao outro. Recintos muito estreitos irão causar dano às penas pois elas facilmente se atritam com as extremidades quando as ave salta de um poleiro ao outro. Por outro lado recintos muito grandes podem ser perigosos pois a ave pode voar e se chocar em velocidade considerável com as paredes podendo até resultar em lesões mais graves.

Vista geral do recinto.
O piso também deve ser levado em consideração. Dou preferência para grama ou cascalho de rio que podem ser facilmente lavados com a chuva ou artificialmente. Outra vantagem é a drenagem que fica muito boa e não mantém o ambiente umido por muito tempo.
De forma nenhuma recomendo que o recinto seja feito completamente com tela de arame ou de aço pois o atrito contínuo causará dano severo às penas. Caso não haja opção, a solução é revestir o interior do viveiro com tela plástica fina (mosquiteiro). É uma ótima saída. De qualquer forma o mais indicado seria um recinto de alvenaria ou madeira possuindo janela com barras verticais. Este detalhe especificamente, de acordo com as leis americanas, está contido em lei federal. O telhado pode ser feito metade coberto com telha cerâmica ou ecológica e a outra metade com tela.

Barras verticais na janela.
Todos os recintos devem ter uma câmara de segurança, isto é, uma espécie de porta antes da porta principal do recinto. Isto evita problemas caso acidentalmente a ave escape.

Vista interna da câmara de segurança.
Outro detalhe que não é obrigatório mas muitos usam para a ave não associar o falcoeiro com comida é o cano para alimentação que consiste em um cotovelo de PVC instalado na parede. Assim a ave não vê a origem da comida.

Idéias para ofertar alimento à ave sem que ela veja o tratador.
Os poleiros que estarão contidos no recinto são outro detalhe importante. Gaviões preferem os arredondados e falcões os achatados mas entre eles existem espécimes que possuem preferência individual, então procuro colocar os dois tipos e a ave escolhe o que mais lhe agrada. O que se pode levar em consideração é que às vezes o recinto irá ser usado para aves de gêneros diferentes ao longo das temporadas, isto faz com que seja interessante a diversidade dos poleiros. Recomendo que eles sejam fixados com parafusos ao invés de pregados o que tornam as coisas mais fáceis na hora de troca-los ou até mesmo para a mudança de display do recinto. Para o revestimento, são usados corda e tapete de sisal, além de cordas de alpinismo ou galhos naturais, mas eu costumo usar Astroturf em todos os meus poleiros, seja ele do tipo fino e macio ou rígido. A idéia é nunca coloca-los na mesma altura e sempre variar para que a ave tenha que voar de um ponto mais baixo para o mais alto, assim se exercitará enquanto está no recinto. Não aconselho que em uma grande diferença de alturas entre dois poleiros o mais baixo seja muito duro, como um bloco de pedra por exemplo, pois o impacto do pouso freqüênte pode causar contusões. Similarmente, poleiros achatados mais altos devem estar com o ângulo levemente para baixo e ter suas bordas lisas e arredondadas para que a ave não lesione a planta dos pés. 

Angulação do poleiro mais alto.
Fazendo os poleiros em formato de T em ângulo, ele fica longe das bordas do viveiro e impedirá que a as penas das asas da ave sejam danificadas durante o pouso e que a cauda não toque em nada.
Para o poleiro T em ângulo, ele deve estar fixado na parede em 45 graus e a haste deve ter 30cm e é mais indicado para gaviões.

Poleiro T em ângulo.

Vantagem do poleiro T.
Para falcões utiliza-se o meio círculo de madeira que é parafusado a um sarrafo de 5cm x 5cm que já está parafusado na parede do recinto. Para coloca-lo em ângulo basta um corte diagonal de 20 graus no sarrafo e para sustentar a meia lua utilizar um conduíte metálico de 1/2” medindo 30cm de comprimento. Achate as duas pontas e fixe uma na parede e outra no meio círculo deixando-o no ângulo de 45 graus.

Poleiro meio círculo em ângulo.
Além deste tipo de recinto utilizado com mais freqüência no período de muda, há quem use no dia a dia alguns mais simples que somente proteje a ave de predadores e ela ainda fica mantida no poleiro. Segue abaixo alguns exemplos com ênfase no de PVC que já utilizei e funcionou muito bem. Fiz inteiro de canos e revesti com tela plástica com ajuda de abraçadeiras e sombrite no teto. Medidas 2,50m x 2,50m e 1,50m de altura.

Feito em madeira.
Feito em PVC.
Chega ao fim as idéias sobre recintos. Espero ter esclarecido algumas dúvidas e em breve darei seqüência à série com um novo tema relacionado a equipamentos. Se possível, peço ao leitor que deixe seu feedback nos comentários abaixo para que eu tente melhorar aos poucos. Obrigado pela atenção e nos vemos nos próximos artigos!


Créditos de imagem:
KIMSEY, Bryan; HODGE, James. Falconry Equipment. Kimsey/Hodge Publications, Houston, TX, 2007.

sábado, 28 de julho de 2012

Anatomia das aves (Parte 2)

Projeção lateral de corpo inteiro:

(Imagem: Diana Quiliquini, Tom Bailey, Antonio Di Somma e Ahmed Kutty,  Dubai Falcon Hospital, EAU).

1- Vértebra cervical;
2- Úmero;
3- Grandes vasos;
4- Pulmões;
5- Costela;
6- Proventrículo;
7- Junção toracosinsacral;
8- Baço;
9- Divisão cranial do rim;
10- Sinsacro;
11- Vértebras caudais;
12- Pigóstilo;
13- Osso púbico;
14- Tibiotarso;
15- Fêmur;
16- Patela;
17- Alças intestinais;
18- Ventrículo;
19- Fígado;
20- Coração;
21- Esterno;
22- Coracóide;
23- Clavícula;
24- Traquéia;

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Imprinting

Outro assunto que vejo ser discutido de maneira bastante simplória é sobre o imprinting. A complexidade deste tema me faz sentir muito inseguro para escrever, mas em contrapartida, acho importante abrir uma lacuna para que o leitor passe a enxerga-lo com outros olhos e entenda que este tema vai muito além de uma ave ser simplesmente barulhenta.
O termo imprinting, ou como foi introduzido no Brasil, estampagem, sem dúvida surgiu como resultado da seleção natural, pois tem a importante função de permitir inicialmente o reconhecimento dos pais pelo filhote, com a finalidade de favorecer oportunamente a ligação social e de reprodução sexual com os membros de sua própria espécie. Suas características instintivas são claras, pelo fato de que uma vez que o imprinting é instalado, ele permanence por toda a vida, mesmo se for totalmente antinatural. Estudos mais antigos estipulavam janelas de algumas horas onde as aves estariam mais sensíveis e susceptíveis aos estímulos para sofrerem o imprinting. Aves precoces como patos e galinhas que abandonam o ninho logo que nascem estariam imprintadas nas primeiras 20 horas de vida. Já as aves altriciais, isto é, dependentes de cuidados após a eclosão, poderiam levar semanas. Segundo estes estudos, após este curto período, a ave não adquire mais nenhum outro vínculo que poderia ser considerado imprinting.
Hoje em dia, com a evolução da etologia, principalmante relacionando-a com a ontogenia, estudos são capazes de mostrar que o ser vivo possui um histórico de desenvolvimento e aprendizagem durante toda vida e incluem-se aí alguns tipos de comportamentos que se impreguinam ao longo de sua trajetória. Isso torna tudo ainda muito mais complexo, afinal, um casal de rapinantes convivendo como parceiros sexuais por 5, 8 ou 10 temporadas reprodutivas, onde há o cortejo, trabalho do macho para alimentar a fêmea e defender o território, enfim, depois todo o trabalho mútuo para criar os filhotes. Isso não seria um comportamento de imprinting entre o casal? O simples fato deste mesmo casal sempre voltar para a mesma área em seu período reprodutivo a fazer o ninho no mesmo local ou próximo dele também não poderia ser chamado de imprinting pelo local? Aves de rapina com comportamento gregário, como é o caso de espécimes de Parabuteo unicinctus que convivem em bandos organizados durante toda a vida com a finalidade de obter alimento de forma mais efetiva e após a captura todos se alimentam. Isso não poderia também ser considerado imprinting?
Nos países onde a Falcoaria é praticada de forma plena, diversas técnicas de imprinting são utilizadas seja para reprodução, diminuição de respostas ao medo ou direcionamento para presas, mas todas essas informações se encontram de maneira específica nos livros. Muitas vezes você vai se deparar com uma ave silenciosa e extremamente eficiente em campo criada desde a fase neonatal pelas mãos do falcoeiro.