Já escrevi há alguns meses sobre o
condicionamento físico e fatores que o envolvem, porém, naquele
momento não vinha ao caso discuti-los de maneira específica. Hoje vou mencionar
alguns detalhes que acho importantes a respeito do lure-flying.
Ao contrário
do que possam imaginar, a isca não serve apenas para chamar a ave de volta em campo. Como já havia citado anteriormente, este exercício é feito para melhorar sua
capacidade física, sua motivação interna e manter a disciplina nas respostas. Além
do mais é muito útil para aperfeiçoar sua habilidade dos pés e asas e, nos
países onde a lei permite, atuar como um ensaio geral para a caça.
Para que um
bom lure-flying seja executado é imprescindível o uso de uma isca adequada,
isto é, sem adição de nenhum tipo de metal e pesar 1/3 do peso da ave. Desta
forma, mesmo que o falcão seja fortemente golpeado pela isca, não será ferido
gravemente. A corda onde a isca é amarrada deve possuir o tamanho de seus braços abertos e feita de um material que não corte ou queime os dedos com
muita facilidade.
O falcoeiro
por sua vez, deve ser capaz de colocar a isca no ar na posição certa e momento
certo a ponto do falcão esticar as pernas para frente tentando capturar a isca.
Isso exige coordenação e treino mas deve ser feito para que a ave não perca a
motivação e acabe fazendo o exercício de forma branda. Em qualquer momento, se
a ave tocar a isca, esta deverá ser entregue. O falcoeiro também deve ter a
sensibilidade de observar o falcão enquanto se exercita e julgar seu grau de
motivação e cansaço. Se permanecer a voar o falcão cansado, ele buscará um local para pouso e insistindo neste erro a ave se habituará a pousar durante o treino, o que não é desejável. Acima de tudo o falcoeiro deve ter
claro em sua mente qual é o objetivo principal da ave que está sendo treinada. Mais que isso, quando a ave estiver em processo de treinamento, ele deve ir ao campo com um objetivo previamente traçado.
Para
conseguir que um falcão exercite-se firmemente, ele deve estar afiado na
captura da isca e confiante em suas próprias habilidades. Se ele levar dribles
da isca não importando o quanto se esforce, vai se intimidar e esperar o
falcoeiro jogar a isca sinalizando o fim do exercício. Isso faz com que a ave
faça vôos circulares e desinteressados durante o treino, ao contrario do que desejamos: um vôo forte onde a ave não para de colocar pressão.
Devemos faze-la acreditar que ao se esforçar bastante, a captura acontece. Se o falcoeiro começar o treino forçando a ave e terminar da mesma forma, o falcão irá se aperfeiçoar.
Devemos faze-la acreditar que ao se esforçar bastante, a captura acontece. Se o falcoeiro começar o treino forçando a ave e terminar da mesma forma, o falcão irá se aperfeiçoar.
Quando
escrevi há pouco sobre sensibilidade do falcoeiro, incluí a capacidade de distinção entre treinar uma ave com histórico e outra juvenil que nunca voou. O
falcão jovem não vai voar em velocidade máxima, porque ele tem medo de se
chocar com o solo, com o próprio falcoeiro ou com a isca. Durante os mergulhos
ele tem que frear e virar e isso coloca uma tremenda pressão sobre os músculos
peitorais, além do mais é difícil para ele mensurar a velocidade do vento, a
própria velocidade e sua margem de erro. Gradualmente ele vai ganhando
confiança e depois de algum tempo, com o falcoeiro aumentando o nível de
dificuldade dos vôos, a ave ganha experiência.
Como aumentar o nível de dificuldade dos vôos? Não tenho a pretenção de ensinar
como se fazer lure-flying mas é importante que ele seja aplicado corretamente
justamente para oferecer subsídios para que a ave aprenda a voar com mais
habilidade. Você deve fazer as passadas pelo lado direito, esquerdo e acima da cabeça,
para, desta forma, incentivar os mergulhos com curvas também para ambos os lados.
Assim, ao longo do treino o falcão adquire habilidade para captura no ar, sincronia
entre pés e asas, além de apurar sua margem de erro oferecendo a cada dia que
passa melhores vôos a quem o observa.
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